Porque o investidor de dividendos deve ignorar preço

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Atualmente somos bombardeados com informações sobre mercado de ações em qualquer lugar que vamos, seja direta ou indiretamente tem algo ali relacionado. Você pode encontrar preço das ações e noticias sobre o mercado em muitos canais de TV, jornais, internet e até mesmo numa simples entrada num elevador.

Esse excesso de informação cria uma sobrecarga, que gera um impulso de comprar e vender ações. No entanto, isso pode ser muito perigoso para sua independência financeira. Pesquisas mostram que investidores que negociam ativamente no mercado geram retornos mais baixos que até mesmo os ETFs. Na verdade, a estratégia mais inteligente para um investidor de longo prazo é ignorar as flutuações de curto prazo nos preços e concentrar-se nos fundamentos.

Concentre-se nos fundamentos das empresas visando o longo prazo. Entender como a empresa funciona e as implicações externas sobre seu case de negócio, o problema que leva-se tempo para isso. Se os lucros estão subindo, o mercado vai premiar as empresas aumentando o seu preço e a empresa será capaz de recompensar seus acionistas com dividendos maiores.

Os preços das ações as vezes ficam separados dos fundamentos, no entanto, é quando a paciência dos investidores de dividendo é testada.

Durante a euforia do mercado acionário, os investidores fiéis aos dividendos tendem a sentir-se fora de sincronia com o resto do mercado, quando ações que não distribuem dividendos tendem a entregar temporariamente crescimentos de dois dígitos.

Como investidores de dividendos, devemos estar prontos para aproveitar desses momentos onde os preços das ações caem. Vejo esses momentos como oportunidades para adicionar mais ações ao portfólio. Depois disso eu espero pacientemente as empresas executarem suas estratégias e prosperarem, mesmo que o mercado de ações demore anos para reconhecer. Desde que os fundamentos são sólidos, e enquanto o dividendo continuar a crescer irei cada vez comprar mais.

Por exemplo, entre 1972 a 1985, as ações da Procter Gamble PG ficaram lateralizadas. O único retorno colhido pelos investidores nesses 13 anos foram os dividendos. A razão por trás deste mau desempenho deveu-se as ações da PG serem sobrevalorizadas em 1972 antes da queda, rendendo um yield de 1,3%. Em 1985, o dividendo aumentou em 233% e o preço tinha subido só 4,3%. Para os investidores originais que seguraram as ações da PG a preços abaixo do de compra tiveram um aumento do Yield on Cost.

Apesar do fato das ações da PG ficarem lateralizadas por 13 anos, os lucros foram aumentando, e portanto o negócio foi se tornando mais valioso.

Infelizmente os investidores nunca aprendem, e pelo final de 1999, Procter & Gamble (PG) foi negociada a $55 e apresentou um yield de 1,2%. As ações caíram depois de várias noticias negativas da mídia e bateram os $27, demorou 4 anos para recuperar o valor dos top histórico de 2000. Os dividendos da PG haviam subido mais de 50% durante esse mesmo período de tempo.

Para os investidores que compram a Procter & Gamble na década de 1980, estavam tendo elevados YoC. Isso significa que a volatilidade dos preços das ações deve ter assustado muitos investidores e os fundos não colocavam mais posições da PG na carteira.

Outro exemplo notável de queda nos preços enquanto os dividendos continuavam a subir foi do Mc Donalds que saiu de um top em 1999 de $49 para o fundo de $13 em 2003. Isso foi causado pela supervalorização da ação, mesmo motivo da PG, noticias e euforia do mercado fez com que os preços subissem e os yields caíssem.

Tivemos vários exemplo do que chamamos de promoção durante a crise de 2007-2009. As ações da Johnson & Johnson JNJ, McDonalds MCD e outras forneciam fluxos crescente de dividendos aos acionistas e estavam sendo negociadas cada vez mais por valores ainda mais atraentes. Os fundamentos estavam melhorando ano a ano e isso tranquilizava aqueles investidores de dividendos, apesar do fato de que parecia como se a bolsa inteira estava sendo quebrada em pedaços.

Para resumir, investidores de longo prazo devem esperar volatilidade dos preços, mesmo quando os fundamentos de suas ações estão indo muito bem. O que você precisa de saber e definir bem são os seus critérios de entrada e saída de uma ação, por exemplo, sempre que uma ação de crescimento de dividendos corta os dividendos é um sinal claro de que seus fundamentos não estão mais presentes, isso pra mim é um critério de saída que me faz vender a ação a preço de mercado independente se tem lucro ou não.

No caso da Procter & Gamble PG em 1972, 1999 e 2007, apesar do fato dos seus fundamentos estarem sólidos, preço da ação foi superfaturado, que levou a alta volatilidade, o mesmo foi para investidores de Coca-Cola KO, Wal-Mart Stores WMT e McDonalds MCD em 1999.

Outro exemplo, logo após crash de 1987, Warren Buffett começou a comprar Coca-Cola, e quando ela se recuperou ele tinha o custo médio de US $ 3,2475/ação. Para investidores de longo prazo como o Warren Buffett, o fluxo de dividendos continuou aumentando, seu YoC continuou subindo e ele começou a reinvestir esses dividendos gerando mais fluxo de caixa para a Berkshire Hathaway.

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13 COMMENTS

  1. VdD, e o que você diz da filosofia de uma certa “escola” de investimentos que afirma os dividendos não são importantes, que é melhor a empresa reinvestir todo o lucro?

    EU penso:
    1) Melhor um pássaro na mão que dois voando. Cotação é lucro “virtual”. Dividendo é dinheiro na conta.

    2) Muitos investidores ficaram chupando dedo com empresas que reinvestiram tudo em si mesmas e, depois quebraram.

    3) Claro que só caçar yield é ruim. Mas analisar apenas uma métrica (qualquer uma) é ruim! Nenhum investidor de dividendos olha apenas yield.

    4) O Bazin (amigo e mentor do Barsi) dizia que o dividendo é uma compensação da empresa aos investidores que confiaram nela.

    5) O pessoal dessa “escola” afirma que basta vc vender uma parte das suas ações para usufruir do investimento. Mas vc passa a depender do humor do mercado (e não dos fundamentos).

    O que você responderia a esses caras?

    • ola J

      essas “escolas” costumam usar o Warren Buffett como um exemplo de empresa que não distribui dividendos, só que esse argumento é tão fraco que não leva 10 segundos para ser desmontado, isso é pra vc ver o quão sem noção é uma estratégia dessa

      primeiro pra começo de conversa sobre o WB recomendo a leitura desse artigo.
      para especificamente sobre a estratégia de não focar em dividendos, veja oq acontece quando vc faz isso aqui nesse artigo (falo do ETF mas é 100% aplicável a um ativo que não distribua dividendos)

      3 – se a empresa so tem yield ela não vai conseguir crescer os dividendos e eu falo aqui para não focar em yield que é pra focar em crescimento do DPA, olhe isso.

      4 – minha estratégia é de empresas de crescimento de dividendos está um pouco alem disso

      5 – eu mostrei ai no segundo artigo linkado o quão destrutivo isso vai ser, e o pior que o cara só vai perceber isso tarde d+

      • Os caras insistem que o “lucro” do acionista é o LPA. Só que isso não cai na conta dele – a menos que ele venda a ação ou receba JCP/Dividendos.

        Não precisa obrigar as empresas a distribuir a maior parte do lucro, mas seria legal uma legislação (nos EUA) obrigando um valor mínimo (aqui é 25%). Talvez isso diminuiria a especulação e a visão imediatista na bolsa. Comprar só pensando em vender mais caro não é mentalidade de investidor.

        Vou ler seus 02 artigos linkados, mas sobre o WB: nego fala que a BRK não paga dividendos, mas…:

        1. Quantas empresas como a BRK existem?
        2. Quantos dividendos e “dinheiro vivo” (float) a BRK recebe das suas subsidiárias? O WB tem várias pagadoras de dividendos em carteira, fora a tara que ele tem por seguradoras, que geram uma montanha de dinheiro vivo para vc fazer render antes de pagar os seguros (vide a GEICO).

        • o WB é um investidor de dividendos,

          agora não faria sentido algum ele comprar um monte de empresa de dividendos para depois distribuir esses dividendos kkkkk

          por isso ela na BRK não distribui dividendos, mas ele adora colocar na carteira da BRK empresas desse tipo

          então por si só usar o exemplo de BRK pra justificar esse argumento contra os dividendos já demonstra que o cara não sabe absolutamente nada do que está falando.

  2. Vdv, lição preciosa de investimento que aprendi com o tempo, seja aplicado a ações ou dividendos, como mencionado no artigo, patrimônio não se gira, não se importa com notícia, o que importa é os fundamentos e se a empresa gera valor como ação ou como dividendo, atendendo os fundamentos estipulados só resta aportar, renda variável sobe e desce todo dia, se investidor olhar analista e notícias, vai torrar tudo, girar, fazer dinheiro pra terceiros e ficar pobre.

    • sim F, agente só tem que tomar cuidado para não ser um sócio torcedor, veja aqui. Mas acho que vc entendeu bem o ponto que comentei no artigo, focar nos fundamentos.

      • Vdv, concordo plenamente, é um velho e fiel ditado: “amizade, amizade, negócios a parte”, sócio não é amigo de empresa, é investidor, a empresa deve gerar valor/resultado ou tô fora. Obrigado pela sugestão do artigo, vou ler.

  3. Exatamente, VdD!

    Essa thread do twitter tem alguns gráficos sobre o valor nominal das ações e mostra exatamente isso:
    https://twitter.com/hbredda/status/1062308093093122048

    Por outro lado, como seres humanos, somos movidos a impulsos, né.
    Acho que por isso temos tanta propaganda martelando em nossas cabeças.
    Aí é que temos demonstrar nosso foco e poder de concentração e não nos deixarmos levar por esses impulsos recebidos.
    Isso vale para as ações e também para as nossas decisões de compra em geral, né.

    Tenha um ótimo fim de semana aí, cara!

    Um grande abraço!

    • fala R

      a pressão da mídia é forte mesmo

      por isso que tem gente que no começo eu falo: se vc não tem ainda o habito de não focar no preço então só abra o HB no dia da compra, é igual vicio vc precisa de isolar o usuário da droga kkkkk

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